quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O tempo!

Dizem que o tempo cura tudo! Eu não acho que o tempo cure, acho que ha coisas que nunca curam... as feridas vão fechando, mas o relógio fica lá.... fica sempre uma pequena cicatriz que em certos momentos pode reabrir.

Às vezes pensamos que estamos curadas e nao estamos. Por exemplo... faz hoje 15 dias desde que perdi o meu anjinho e tenho andado aparentemente bem! Tem dias que até consigo rir e ter esperança, mas existe um sintoma péssimo: tenho comido imenso, só me apetece comer a todo minuto, neste momento devoro um gelado, e isso, meus amigos, é sintoma de depressão. E por isso ontem chorei, chorei e comecei a ter medos estranhos.... medo de perder o filho, o marido... medo de engravidar de novo, medo de enfrentar as pessoas. Hoje continuo com esse medo....

Mas como vos disse... o tempo acaba por ser amigo e ajudar a curar... mas não cura... só esconde a ferida!

E por isso aqui vai um poema meu, que escrevi algures, mas que pode servir para hoje...

Tempo sem tempo, sem hora marcada
Que voa, desliza sem medo de nada
Que corre apressado, sem nada falar
E passa por todos, como que a gozar!

É ele que dita o tempo a viver
Como marionetas ficamos a ver
O tempo sem tempo sem hora marcada
Vivemos a vida sem saber de nada!

E goza, gargalha vendo-nos correr
O tempo que gira sem nada querer
Segundo, minuto, hora, dia, ano
Ponteiro a ponteiro, sem azo a engano…

O tempo que é tempo sabe-se infinito
Murmúrio, sorriso, choro, pranto, grito
É tempo sem tempo sem hora marcada
Que passa, envelhece, de forma apressada!

7 comentários:

  1. Uma ferida que o tempo não cura, mas de certo vai ajudar a cicatrizar! Acredito que és forte, minha amiga, e acredito que esses medos te vão ajudar a enfrentar a vida com mais coragem e lutar pela felicidade que te une à tua linda família! Desejo-te a ti tanto como desejo a mim, aos meus filhos e marido! Bem-haja, tu és forte e lutadora. Admiro-te a coragem!

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  2. Amiga, a vida tem destas coisas, prega-nos estas partidas, mas eu acredito que as coisas não acontecem só por um acaso.....acontecem porque têm de acontecer. Ao longo da nossa vida Deus coloca-nos pedras pelo caminho e ensina-nos a desviarmo-nos delas, por vezes não as vemos e tropeçamos, é certo, mas o importante é termos força para nos erguermos e continuarmos a olhar em frente.
    Segue o teu caminho junto do teu marido e do teu filho, para eles tu és a pessoa mais importante do mundo,são eles que também sofrem contigo, mas amiga, acima de tudo eles são a tua vida!
    Façam o favor de ser felizes!!
    Bjs.

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  3. Isabel

    É bom ter amigos, é bom partilhar, conta comigo
    beijinho grande
    Filó

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  4. O tempo não cura mas, como já te disseram, atenua, ajuda a cicatrizar, mas para isso precisas chorar, fazer o luto.
    Aqui tens o primeiro passo, e é importante, porque deitar para fora o que nos vai na alma faz bem. Falar dos medos, da dor, da angústia, ajuda. E nós estamos aqui para te ouvir, para te ajudar a seguir em frente, a voltar a sorrir.
    bjs

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  5. Ainda é muito cedo amiga, para a tua ferida fechar. Esquecer é impossível mas a ferida cura-se e vai haver um dia em que te vais dar contar que já não doi, ficou só lá uma pequena cicatriz de recordação.
    Acho que se te sentes muito em baixo deves procurar ajuda, para que não deixes que uma grande depressão te apanhe de surpresa.

    Quanto aos medos, todos nós temos e depois de ter um filho esses medos ampliam-se muito, nestes últimos dias têm havido muito más notícias e isso mexe muito com as pessoas. Eu própria dou por mim muitas vezes a pensar em coisas horríveis que possam acontecer à Alice e ao Zé. Ainda ontem tomei uma decisão, não ler jornais nem ver os notíciários. Começa por aí, tenta houvir muita música e descontrair e procura ajuda se achares necessário...

    Um beijo grande.

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  6. Infelizmente não há nada que cure a dor de perder um filho, nem o tempo. No entanto o tempo ensina-nos a continuar apesar da dor e para ti ainda é tudo muito recente. Vais ver que aos poucos também tu conseguirás fazer planos e continuar a viver apesar dos medos.
    Um beijo grande,

    Helena (Dolls)

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  7. O tempo faz com que se aprenda a viver com a dor... essa vai atenuando, até ficar suportável mas jamais passará por completo.

    O importante é viver o luto, para que possamos avançar, virar a página, mas nunca negar que se perdeu um filho, o TEU filho!

    Perdi a minha Matilde às 22 semanas, que infelizmente tinha triploidia e acabaria por morrer antes do término da gravidez.

    Arrancaram-ma de mim, do meu ventre, mas nunca do coração…

    A única diferença é que, na altura, eu não tinha nenhum filho... foi a minha primeira filha e hoje tenho um menino, de 25 meses.

    Felicidades e cuida de ti “hoje” para que “amanhã” estejas BEM... por ti, essencialmente, que consequentemente todos à tua volta ficarão bem :o)

    Beijos

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